Experiências educativas não abrangentes (estreitas) limitam o desenvolvimento do cérebro
A estagnação do desenvolvimento tem sido racionalizado como a idade “adulta” e se assume que, com o fim do amadurecimento inicial físico vem o fim do desenvolvimento do cérebro e dos processos cognitivos. E, de acordo com isso, os estudantes de educação secundária e superior aplicam as habilidades intelectuais, já desenvolvidas, a áreas de conhecimento cada vez mais especializado.
À medida que a experiência educativa continua a se restringir a canais estreitos, o cérebro adulto de fato continua a modificar o seu funcionamento para acomodar aqueles canais estreitos específicos de atividade. Por exemplo, quando habilidades perceptuais ou motoras são aprendidas (ex., tocar violino), o cérebro adulto modifica o seu funcionamento: tem sido encontrado que o córtex resitua a proporção da sua área que está destinada aos inputs sensoriais e motores que são mais usados.
Tais modificações das conexões corticais específicas, presumivelmente, acontecem não apenas com o desenvolvimento de habilidades em uma área específica de atividade, mas também em uma área específica de conhecimento.
Não obstante, esta modificação do funcionamento do cérebro não é o desenvolvimento sistemático do seu potencial. Se uma habilidade específica não é útil além de um canal estreito de atividade, então, as conexões corticais específicas correspondentes, também falharão em ter um valor promotor de vida mais amplo. Em termos práticos, isto significa que a habilidade ganha em tocar o violino ou em qualquer disciplina acadêmica não conduz a habilidade em todas as outras áreas de atividade da vida – não desenvolve a vida do indivíduo como um todo.
Plasticidade cortical na idade adulta
Resumo: Pesquisa realizada durante as últimas duas décadas tem mostrado que o cérebro continua modificando o seu funcionamento baseado na experiência, e que a experiência acumulada na idade adulta muda a forma em que o córtex representa o input sensorial.
Mostra de descobertas: As áreas corticais sensoriais para a visão, tato e ouvido apresentam os seus receptores sensoriais na superfície do corpo de uma forma topográfica; têm um mapeamento entre áreas corticais vizinhas e lugares na pele vizinhos. As mudanças na organização do mapa de atividade surgem quando treinamos animais em trabalhos que produzem padrões diferentes de atividade específicas em setores identificados do córtex (23-25). Estas mudanças na organização do mapa cortical, resultante de experiências são denominadas de plasticidade do mapa cortical.
Estudos comparáveis em humanos, usando a magnetoencefalografia (MEG), mostraram uma área maior de atividade cortical associada com as projeções no couro cabeludo relacionada ao dedo usado para a leitura Braille e uma área menor para os outros dedos dos leitores Braille (26). Esta metodologia também mostrou uma representação somatosensorial maior dos dígitos da mão esquerda dos tocadores de instrumentos de corda, em comparação com os outros dígitos ou dígitos comparáveis dos sujeitos de controle.
A plasticidade sináptica (mudanças na força das sinapses dos neurônios que disparam juntos) tem sido estudada durante muitos anos e se assume que é a base do fenômeno da plasticidade do mapa cortical (25).
Estas descobertas indicam que o funcionamento do cérebro continua a acomodar-se a si mesmo baseado nas próprias experiências específicas. Uma implicação desta pesquisa é que é de vital importância para os estudantes ter experiências que promovam a integração global e efetividade do funcionamento do cérebro, mais do que estar apenas limitado a canais isolados de habilidades ou conhecimento.
Referências desta seção:
(23) Annual Reviews of Neuroscience 14: 137–167, 1991.
(24) Annual Reviews of Neuroscience 19: 129–158, 1995.
(25) Annual Reviews of Neuroscience 21: 149–186, 1998.
(26) Brain 116: 39–52, 1993.
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